No intuito de partilhar alguma
informação com os pais e encarregados de educação da comunidade, os alunos e
todos quantos se interessam pelos assuntos relacionados com a educação e a
saúde e que não tiveram a oportunidade de estar presentes nesta palestra,
transcrevemos, de seguida, a entrevista concedida pela Dr.ª Teresa Rebelo Pinto, uma grande especialista nacional sobre a
temática do sono. Detentora de um Mestrado
integrado em Psicologia na área Educacional (ISPA-IU) e uma
Pós-graduação em Ciências do Sono (FML), a Dr.ª
Teresa Rebelo Pinto possui uma vasta experiência de avaliação psicológica e
psicoterapia com adultos e jovens, com problemas relacionados sobretudo com
ansiedade, depressão, stress e
distúrbios de sono, mantém também uma forte ligação ao meio científico, com
trabalhos publicados sobre saúde dos jovens, educação do sono e a importância do papel do psicólogo, e participa regularmente em reuniões
científicas internacionais.
Nesta entrevista, a Dr.ª Teresa Rebelo Pinto evoca
os benefícios do sono nos jovens: para
que leiam melhor, compreendam melhor e aumentem os seus níveis de literacia e
de sucesso escolar e a importância da ação concertada de todos os agentes
educativos, professores, pais e família, para que se alterem comportamentos e rotinas
desadequadas, e hábitos de sono prejudiciais ao bem-estar individual, ao
convívio social e à aprendizagem.
O sono é uma função de
sobrevivência, precisamos dele para nos mantermos despertos e para responder
aos desafios do dia a dia. Passamos melhor sem comer do que sem dormir, mas
infelizmente maltratamos muitas vezes o sono. As funções do sono são várias: a
regulação da temperatura corporal, recuperação de energia e desintoxicação
cerebral são as mais conhecidas. Mas é também durante o sono que crescemos e
desenvolvemos o cérebro. Todas as funções do sono são cumpridas exclusivamente
neste estado, o que nos diz que dormir é insubstituível.
_Há quem durma pouco, muito, quem se preocupe com o sono
e quem desvalorize as horas de sono. Quantas horas, em média, devemos dormir? O
que é dormir bem?
O número de horas que cada pessoa
deve dormir deve ser determinado individualmente, observando qual a duração de
sono que lhe permite sentir-se e funcionar bem no dia seguinte. Claro que há
linhas orientadoras, como por exemplo as crianças dormem mais que os adultos e
estes mais que os idosos. As médias apenas nos revelam que a maioria das
pessoas precisa de 7 a 8 horas de sono para se sentir bem. Mas pode haver quem
precise de 9 ou quem se sinta bem ao fim de 6 horas, e isso deve ser
respeitado. As medidas de qualidade do sono focam-se na forma como se dorme e
eventuais sintomas diurnos. Se acordamos bem-dispostos, sentimos que o sono é
reparador e andamos bem durante o dia, então dormimos bem. A perceção sobre o
sono interessa muito para a sua qualidade.
_ Os alunos portugueses dormem um número de horas adequadas, comparativamente com os estudantes de outros países?
Em Portugal temos muito maus hábitos de sono. As horas de
deitar são muito tardias desde pequenos, o que provoca grandes privações de
sono nos jovens portugueses. Investigações internacionais têm revelado que o
sono vai piorando pela adolescência fora e Portugal não escapa à regra: à
medida que crescem, os nossos alunos dormem cada vez menos, adotando padrões
progressivamente mais irregulares e aumentando os riscos da privação de sono.
Num estudo nacional, verificámos que 64.7% dos alunos entre o 7.º e o 12.º Ano
dormem menos de 8h por noite, nos dias de semana!
Para as crianças em idade escolar, o sono é fundamental para
garantir a aprendizagem, segurança, vida familiar e saúde equilibrada. O sono
constitui-se como um dos principais marcos de desenvolvimento das crianças.
As crianças que dormem bem são mais alegres, relacionam-se
mais facilmente com os outros, aprendem melhor, ficam menos vezes doentes e são
mais criativas. Além disso, têm menos risco de desenvolver a longo prazo
doenças crónicas graves, como diabetes, hipertensão, obesidade, depressão ou
insónia.
_ Por que é que se reveste de tão grande importância a colaboração das famílias com a escola, na promoção de bons hábitos de sono?
O sono é muito pessoal, mas é também um assunto familiar e
escolar, pois a sua importância diz respeito a todos e só com uma postura
abrangente se consegue trabalhar na Educação do Sono. A escola tem a
oportunidade ideal para gerar aprendizagens sobre este tema e o Projeto Sono Escolas incentiva a
criatividade, aliás também ela relacionada com o Sono. Por outro lado, os pais
ocupam um papel central na melhoria dos hábitos de sono dos nossos alunos, quer
pelo seu poder na organização da vida familiar, quer pela necessidade de se
constituírem eles próprios como exemplo a seguir.
_Que recomendações pode fazer aos pais, para criarem, em casa, um ambiente propício ao descanso, um ambiente que “chame o sono”?
_Que recomendações pode fazer aos pais, para criarem, em casa, um ambiente propício ao descanso, um ambiente que “chame o sono”?
Para incentivar a qualidade do sono, recomendo que sigam as pistas do Projeto Sono Escolas:
Durmam o suficiente.
Tenham horários de sono regulares (incluindo no fim-de-semana).
Durmam cada um no seu lugar.
Tenham um dia a dia equilibrado.
Criem rotinas de final de dia compatíveis com o sono.
Tenham uma alimentação cuidada e regular.
Procurem saber coisas sobre o sono (cientificas!).
Gostem de dormir.
Estejam atentos a eventuais perturbações do sono (e peçam ajuda a um
especialista).
Agradecemos a entrevista gentilmente concedida pela Dr.ª Teresa Rebelo Pinto na qual
esclareceu, de forma clara e objetiva, que dormir bem é essencial para uma vida
saudável e, também, para propiciar uma aprendizagem de qualidade por parte das
crianças e dos jovens em idade escolar.
A Equipa Responsável
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