A CRIATIVIDADE



O segredo da criatividade está em dormir bem e abrir a mente para as possibilidades infinitas. O que é um homem sem sonhos?

Albert Einstein

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Irrequietos, instáveis, cansados ou... com sono?


 WWW.PUBLICO.PT
 
JOSÉ MORGADO
16/01/2015 - 16:14



Uma entrevista recente da professora Teresa Paiva, reconhecida especialista em matérias relacionadas como o sono, sugeriu-me estas notas dirigidas, sobretudo, para o universo dos mais novos.

Em primeiro lugar, deve sublinhar-se, sem nada de novo, evidentemente, que a qualidade do sono, tantas vezes negligenciada, é um dos mais importantes contributos para o bem-estar geral de crianças e adolescentes, incluindo a sua vida escolar, uma fonte de preocupações para pais e educadores sempre presente.

A relação entre os estilos de vida e as rotinas, higiene e qualidade do sono de crianças e adolescentes é conhecida e estudada, mas, deve dizer-se, nem sempre parece devidamente considerada. Também entre nós, vários estudos sobre os hábitos e padrões de sono em crianças e adolescentes têm sido desenvolvidos, designadamente pela professora Teresa Paiva com resultados que deveriam ser considerados.

Neste universo, em 2013 um estudo da University College of London mostrava o impacto negativo que a ausência de rotinas como deitar com regularidade à mesma hora podem ter no bem-estar e saúde das crianças afectando, por exemplo, o processamento da aprendizagem. Na mesma linha, outras investigações referem que mais de metade dos adolescentes inquiridos apresenta quadros de sonolência excessiva e evidencia hábitos de sono pouco saudáveis.

Um estudo recente realizado nos EUA que acompanhou durante seis anos 11.000 crianças encontrou fortes indícios de relação entre perturbações do sono e o desenvolvimento de problemas de natureza diferenciada no comportamento e funcionamento das crianças.

Esta constatação vai no mesmo sentido de outros trabalhos com crianças mais novas. A falta de qualidade do sono e do tempo necessário acaba, naturalmente, por comprometer a qualidade de vida das crianças e adolescentes. Todos nos cruzamos frequentemente nos centros comerciais, por exemplo, com crianças, mais pequenas ou maiores, a horas a que deveriam estar na cama e que, penosa mas excitadamente, deambulam atreladas aos pais.

Várias investigações sugerem que parte das alterações verificadas nos padrões e hábitos relativos ao sono remetem para questões ligadas a stress familiar e sublinham o aumento das queixas relativas a sonolência e alterações comportamentais durante o dia.

É certo que as situações de stress familiar serão importantes mas parece-me necessário não esquecer alguns aspectos relacionados com os estilos de vida, quer com as rotinas, quer com a utilização mais ou menos regulada das novas tecnologias. Durante o dia, as crianças e adolescentes passam boa parte do seu tempo saltitando de actividade para actividade, passam tempos infindos na escola e, muitos deles, além de pressionados para resultados de excelência transportam ainda, frequentemente, tarefas escolares para casa.

Neste contexto, é também relevante considerar o número, alguns estudos sugerem cerca de 50%, de crianças e adolescentes até aos 15 anos que terão computador ou televisor no quarto, além do telemóvel.

Acontece que durante o período que seria dedicado ao sono, sem regulação familiar, muitas crianças e adolescentes estarão diante de um ecrã, computador, televisão ou telemóvel. Como é óbvio, este comportamento não pode deixar de implicar consequências durante o dia – sonolência e distracção, ansiedade, agitação e, naturalmente, o risco de falta de rendimento escolar num quadro geral de pior qualidade de vida frequentemente constatado e relatado por educadores e professores.

Creio que, com alguma frequência, os comportamentos dos miúdos, sobretudo nos mais novos, que são de uma forma aligeirada remetidos para o saco sem fundo da hiperactividade e problemas de atenção, estarão associados aos seus hábitos e padrões de sono como, aliás, os estudos parecem sugerir.

Estas matérias, a presença das novas tecnologias na vida dos mais pequenos, são problemas novos para muitos pais, eles próprios com níveis baixos de literacia informática. Considerando as implicações sérias na vida diária importa que se reflicta sobre a atenção e ajuda destinada aos pais para que a utilização imprescindível e útil seja regulada e protectora da qualidade de vida das crianças e adolescentes.

Aliás, a experiência mostra-me que muitos pais desejam e mostram necessidade de alguma ajuda ou orientação nestas matérias bem como, naturalmente, solicitam apoio e orientação na promoção e instalação de estilos de vida, qualidade e hábitos do sono, por exemplo, mais saudáveis para e com os seus filhos.



Teresa Paiva: “Há pessoas com 30 anos a dormir na cama dos pais”


Por Marta F. Reis

publicado em 16 Jan 2015 - 10:00






A mais conceituada especialista em sono no país lançou uma revista digital para acordar a sensibilidade dos portugueses para o tema. Em entrevista, antecipa alguns diagnósticos e soluções

Aos 69 anos, Teresa Paiva é a maior especialista portuguesa em sono. A neurologista lançou esta semana uma revista digital onde esperar recuperar o interesse dos portugueses pelo tema. Diz que a crise provocou mais noites em claro mas defende que pode ser uma oportunidade para pensar o que andamos a fazer às nossas vidas, já que diagnostica um problema de fundo: esquecemo-nos de que temos limites.


Como surgiu o seu interesse por esta área?
Era neurologista em Santa Maria e no início dos anos 80 havia uns equipamentos novos para monitorizar os comas. Como pesavam e das primeiras vezes que os levei para os cuidados intensivos fiz uma ciática, deixei de os usar. Calhou acompanhar dois doentes no hospital, um que fez uma paragem respiratória e outro que tinha uma grande sonolência. Voltei a pegar nas máquinas e descobri que tinham apneia do sono. A partir daí especializei-me.
Puro acaso então?
Sim e ainda bem. As coisas são mais bonitas quando surgem. O sono tornou-se a minha paixão. Passamos um terço da vida a dormir e durante esse tempo exercem-se funções essenciais à nossa sobrevivência. O sono resulta de anos e anos de aperfeiçoamento biológico, não é trivial.
E está cada vez mais ameaçado?
Sem dúvida. Tenho cada vez mais doentes. Cada vez mais as pessoas pelas dificuldades da vida e pelos traumas que experienciam não dormem bem.
Não existe também um problema cultural? É normal haver comentadores em estúdio nas televisões noite dentro?
Também me faz muita confusão. Ainda estou à espera que um dia se comparem os nossos horários televisivos com outros países europeus. Na Alemanha ou em Inglaterra, a partir de certa hora passam repetições, não há programas em directo. Parece-me que será uma característica muito nossa. E lesiva, porque depois acordamos à mesma hora que os nossos congéneres dos países nórdicos. 70% dos portugueses deitam-se depois da meia-noite. Estou interessada em encontrar uma explicação.
Tem alguma suspeita?

Pode haver uma explicação biológica mas penso que perdemos um bocadinho a noção de que temos limites. Os portugueses acham que têm os poderes de Deus Nosso Senhor, que podemos fazer tudo o que nos dá na real gana.






Para ler mais: http://www.ionline.pt/artigos/portugal/teresa-paiva-ha-pessoas-30-anos-dormir-na-cama-dos-pais

sábado, 10 de janeiro de 2015

Sabia que o sono não só é benéfico como está diretamente relacionado com o bem-estar e a qualidade de vida?
Dormir faz parte do ciclo natural do organismo, sendo muito importante para manter corpo e a mente saudáveis.
O sono compreende o período de repouso que temos, geralmente em intervalos diários, com aproximadamente sete horas de duração. Quando o cansaço mental é muito, as concentrações de cortisona diminuem e as de melatonina aumentam, provocando a vontade de dormir.
Nesse momento, o organismo começa a reorganizar os seus sistemas para uma nova jornada de atividades. A imunidade é reforçada, as células são renovadas, os radicais livres são neutralizados, e a memória é consolidada.
Uma noite bem dormida estimula a produção de diversas hormonas, entre elas a hormona do crescimento, cuja produção ocorre predominantemente durante o sono e que, além de propiciar o crescimento, também é responsável pela renovação da pele, ossos e músculos.
O sono alivia o stress, mantém o metabolismo no ritmo, ativa a memória, melhora a concentração, fortalece o sistema imunológico, repara o corpo e até ajuda a perder peso! Até mesmo as sonecas após o almoço são benéficas para melhorar a produtividade, mas é um engano pensar que o sono diurno substitui o noturno.
É no sono noturno que os benefícios de facto acontecem. Quando dormimos, passamos por um processo de profundo relaxamento. A respiração fica mais profunda e nossos ritmos cardíacos diminuem, juntamente com a temperatura. Aproximadamente meia hora após o início do sono, inicia-se a fase de libertação da hormona do crescimento e do cortisol.
Mas é na última fase, a REM, em que o corpo relaxa profundamente, renovando a nossa capacidade de planear e executar tarefas. É durante esse momento que sonhamos, e que armazenamos o que aprendemos durante o dia.
Resumindo, o nosso humor, criatividade, atenção, memória e equilíbrio estão intimamente ligados a essa fase.
Assim, quando não dormimos, a nossa memória fica fragilizada, ficamos irritadiços e sentimos cansaço, dor de cabeça e indisposição. A redução das horas de sono também diminui a produção de insulina e aumenta a de cortisol. Considerando que esse é responsável pela elevação das taxas de glicose; e aquela, pela retirada deste açúcar no sangue, podemos pontuar que a redução das horas de sono aumenta a probabilidade de o indivíduo desenvolver diabetes.
A Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN), alerta para o facto de a população portuguesa dormir cada vez menos e pior, o que quadruplica o risco de acidente vascular cerebral (AVC).
Segundo um estudo promovido pela National Sleep Foundation dos EUA, há cada vez menos pessoas a dormir oito horas ou mais, uma tendência que se regista também em Portugal. Aqueles que dormem menos de seis horas por noite têm quatro vezes mais probabilidade de sofrer um AVC ou um enfarte do miocárdio do que aqueles que dormem seis a oito horas.
"Os portugueses dormem cada vez menos e com menor qualidade, o que se reflete na sua saúde, nomeadamente no aumento de risco de AVC, uma doença que continua a ser causa de 25 mil internamentos por ano e uma das principais causas de morte no nosso País", afirma Victor Oliveira, presidente da SPN.
Para este especialista, "o AVC que não é a única patologia que está relacionada com a falta de horas de sono. As dores de cabeça, falta de concentração, perturbações do humor e baixa de rendimento no trabalho, sonolência diurna, são sintomas que alertam para problemas relacionados com o sono. Dificuldades em adormecer ou despertares a meio da noite podem ser sinais de um estado depressivo. O ressonar é um indício de má qualidade de sono devendo ser identificada e tratada adequadamente com vista à melhoria da qualidade de vida".
Torna-se urgente dar mais atenção ao sono. É necessário ter o cuidado de desligar a TV, o computador, os jogos, o telemóvel etc. perto da hora de dormir e tentar relaxar o corpo e a mente para ter uma noite mais tranquila e proveitosa! Atividades como leitura descontraída ao deitar, a não utilização de bebidas excitantes à noite, estabelecer uma hora para repousar e dormir podem ser benéficas e auxiliar na qualidade do sono.